A gravidez é um acontecimento único na vida da mulher, no qual ocorrem alterações metabólicas e hormonais que influenciam no comportamento e nos sentimentos dela, mas, caso essa gravidez chegue de forma indesejada e ainda na adolescência, as alterações hormonais não serão as únicas causas que influenciarão na mudança de comportamento dessas meninas, pois a situação econômica, o apoio familiar e a convivência com o parceiro também são fatores influenciáveis.
A gestação na adolescência chega a ser considerada um problema de saúde pública. Os principais motivos estão relacionados com a ausência de programas de educação nas escolas, com a falta ou o mau uso de anticoncepcionais e preservativos e com a resistência dos pais em dialogar sobre sexualidade.
De acordo com a diretora da maternidade Wall Ferraz Mércia Brito, a unidade de saúde atende meninas grávidas a partir dos 11 anos de idade, que representam um grande percentual das gestantes que dão entrada na maternidade. “Não tem corpo, nem cara e nem voz de mulher, são crianças, que representam cerca de 30% das grávidas que dão entrada aqui”, afirma a diretora.
Em Teresina as adolescentes grávidas em situação de vulnerabilidade são atendidas pela casa Maria Menina que desde 1998, a casa presta assistência social para essas jovens na região do bairro Dirceu Arcoverde. A instituição é sem fins lucrativos e é mantida pela Associação Norte Brasileira de Educação e Assistência Social que pertence à congregação das Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Sena.
A instituição funciona de segunda a sexta feira das 08 às 16 horas e recebe adolescentes grávidas de 11 aos 18 anos incompletos.
Denise Rocha, psicóloga da Casa Maria Menina, relata os requisitos para entrar na casa e o que as adolescentes desenvolvem no local.
“O único pré-requisito para a menina entrar na casa é estar grávida e ser adolescente. Quando chegam aqui elas passam a desenvolver várias atividades, como: confeccionar o enxoval de seus bebês, elas recebem tecidos e redes, e também participam de oficinas de pintura, costura, bordados e crochê que são ministradas por voluntários’’, diz a psicóloga.
A instituição também fornece um atendimento social, psicológico e o espiritual que é feito pelas freiras que trabalham valores em relação à família, a maternidade e a questão da aceitação do bebê.
Uma das preocupações da casa é fazer com que as adolescentes voltem a estudar e para isso a instituição idealizou o projeto Recriando Sonhos que por meio de atividades lúdicas procura influenciar as meninas a voltarem às salas de aula.
Além disso, com a finalidade de manter as meninas bem informadas a maternidade Wall Ferraz desenvolve algumas palestras que é o resultado de um trabalho feito junto com a Casa Maria Menina. “Na maternidade as adolescentes rebem todo tratamento psicossocial, durante e pós gravidez, no local elas ainda participam de palestras, rodas de conversa, visita as instalações da maternidade em locais como: sala de parto, berçários e quartos, ou seja, todos os locais por onde elas e os filhos delas irão passar”, explica a psicóloga da maternidade Hévila Marques.
O papel da psicologia na maternidade é fazer uma triagem e identificar na história da jovem mãe as fontes de apoio da família, a tendência a algum transtorno, a possibilidade de depressão, a questão escolar, saber se continua ou se desistiu da escola e saber se a adolescente foi vítima de violência sexual.
“Fazemos o encaminhamento para a Casa Maria Menina e junto com a instituição a maternidade realiza o curso da gestante que é feito uma vez por mês, sendo composto por vários profissionais da área da saúde como: enfermeira obstetra, pediatra, neonatologia, nutricionista e a psicóloga, que explicam a importância dos cuidados com a saúde durante toda a gravidez e revelam como é todo o processo do trabalho de parto e ainda ressaltam os cuidados na hora da amamentação do bebê”, concluí Hévila.
Repórteres: Hermerson Portela e Nayara Moura
Edição de texto: Jhonatan Silva