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TERCEIRO B – UMA NOITE DE CRIADORES.
Terceiro B – Noite de teoria, teatro, música e criatividade
Seu abrãao
ENTREVISTA
Por: Gaia Rêgo e Cibelle Resende – 7º Período
Experiências Profissionais
Agecom: Conte sobre sua formação jornalística? Como o jornalismo entrou na sua vida?
A.R: Comecei, na redação do Correio do Piauí, como repórter. Na época, 1990, eu era estudante de Ciências Sociais, mas resolvi levar a sério e passei no vestibular de jornalismo na UFPI. Mas meu pai sempre me influenciou, porque ele via que eu gostava e que tinha certa aptidão, além de acompanhar o trabalho dele. Então eu sempre tive aquela afinidade e resolvi assumir a profissão.
Agecom: Fale sobre suas experiências profissionais, principalmente a fase em que foi Secretária de Comunicação?
A.R: Eu sou eminentemente uma repórter. No entanto, já trabalhei em agências de publicidade como redatora, inclusive na equipe que produziu os programas eleitorais do então candidato Mão Santa, em 1994, que acabou vencendo as eleições e se elegendo governador, o que me levou a trabalhar na Secom. Antes de exercer o cargo de secretária de Comunicação, eu passei pela chefia de redação e depois pelo departamento Técnico de Jornalismo. Eu estive no cargo de secretaria por nove meses. Foi um grande desafio e acho que vale a pena registrar que jamais deixei de ser repórter e, independente das outras funções, fazia questão de redigir as matérias mais delicadas.
Agecom: Como foi mediar a relação com as empresas de comunicação?
A.R: As empresas de comunicação têm uma relação estreita com o poder público e isso não se pode negar. Mas, no governo Mão Santa, pelas características pessoais dele, gozamos de um período de certa liberdade de imprensa. Nos era recomendado que buscássemos espaços para as matérias de interesse do governo, mas nunca a perseguir este ou aquele profissional ou mesmo tentar impor censura aos meios de comunicação. Devo revelar que os pagamentos feitos aos veículos de comunicação não tinham tanta regularidade, por conta disso apanhávamos um pouco. Também por ser uma jornalista, me sentia pouco à vontade para fazer isso, além de não acreditar muito nos resultados dessa política. A gente buscava ter uma boa relação com a mídia, mas é obvio que existiram momentos de conflitos.
Rotina Produtiva
Agecom: O que a senhora acha do dia-a-dia do jornalista?
A.R: Quando você gosta da sua profissão você faz com muito prazer. Agora, é até normal se irritar, porque o jornalista procura aquilo que não está de acordo, é o chifre em cabeça de cavalo. Por outro lado, é muito prazeroso. Quando trabalhei em rádio (Rádio Piauí), apresentava um jornal e, apesar de ser numa emissora do governo, fazíamos críticas, algumas até bastante ácidas, porque quando você só elogia perde um pouco a credibilidade, e quando você aponta aspectos negativos pode elogiar com a mesma credibilidade (…). Então o mais legal mesmo é furar o bloqueio e conseguir passar uma mensagem contrária aos interesses do sistema; é essa a graça que vejo, porque tem toda a pressão do meio que você trabalha, tem limites, e você não pode descontentar A ou B, mas dentro daquela técnica do texto noticioso você consegue, usando, é claro, a inteligência.
Agecom: É isso então que conquista o leitor, o telespectador ou ouvinte?
A.R: Olha você tem que ver a questão da técnica. Tem o editorial, o comentário, o texto noticioso, a reportagem, e você tem que se ater a esses formatos. Não existe um texto noticioso em que você opina ou acha algo, o que acontece é o seguinte, você vê e percebe determinada situação, tem o feeling, e contando aquela história, reportando aquele fato, você acentua aquilo que realmente aconteceu. Tudo é uma técnica para cumprir o objetivo de chamar a atenção do seu leitor. Então é a questão da técnica, de não ser um texto incípito, usando o lead, trazendo o mais importante no começo da matéria. Acho que cumprindo tudo isso você pode atingir o objetivo de conquistar esse leitor.
Dicas
Agecom: O que faz um bom jornalista?
A.R: Primeiro ter o cuidado de escrever bem, ter um apuro técnico. Também é bom consultar o dicionário para encontrar sinônimos e enriquecer o seu texto, a gramática se tiver dúvida. Agora, com a internet, não tem como dar uma informação errada, se tem dúvidas, como por exemplo, a localização correta de determinado país, você antes se certifica. Realmente sinto nos textos que leio aqui que as pessoas não têm muito esse cuidado e cometem erros primários. Posso dizer que me acho uma estilista em relação ao texto, porque tenho extremo rigor. Mas é uma coisa natural, modéstia a parte, sempre tive essa facilidade e essa técnica dentro de mim. Outra coisa importante é respeitar os formatos, um editorial tem um tratamento, uma coluna tem outra elaboração, o comentário e o texto noticioso idem, então você não pode misturar as coisas. O cuidado com o texto e com o leitor, a fidelidade aos fatos, ser ético, procurar ouvir todos os lados, são requisitos para passar uma informação de qualidade e as pessoas terão, com isso, subsídios para fazer o seu próprio juízo de valor.
Agecom: Deixe uma dica para os futuros jornalistas.
A.R: O que é interessante é a disposição de estar sempre apreendendo, aquela vontade de aprender, humildade para aprender, sempre respeitando a técnica, o tipo de trabalho e texto que está elaborando. É imprescindível o rigor, a pesquisa, a consciência ética, ser correto com as outras pessoas e o seu trabalho. Para isso, você deve ser desprendido e honesto. Não pode priorizar determinados interesses em detrimento da ética jornalística (…). Outra coisa é manter uma boa relação com os seus colegas, saber que somos de uma mesma classe, deixar um pouco essa mania antropofágica de uns comer os outros. Saber também que o trabalho é árduo, que a gente ganha pouco e trabalha muito, mas se você escolheu faça da melhor maneira possível.
Agecom: Todos sabem que por trás do jornalista, há uma organização que impõe diversos filtros, como ser um jornalista ético então?
A.R: Com inteligência. Gramsci já dizia que o intelectual pode ultrapassar barreiras, encontrar fendas dentro do sistema e passar conteúdos contrários, mesmo que contraditoriamente ele faça parte desse sistema. Agora, é lógico que há inúmeras limitações. As empresas jornalísticas têm seus interesses e suas preferências, precisam manter-se financeiramente, situação que ainda é mais grave em um estado como o Piauí, onde a dependência do poder público é realmente grande. Então, a gente tem limitações, tem as questões que você não pode tocar, tem também o problema da autocensura, mas penso que temos que procurar as fendas da pedra, para tentar passar o que é importante, que deve ser notado, que realmente está acontecendo e precisa ter visibilidade.
Assessoria de imprensa
Agecom: A senhora já trabalhou ao mesmo tempo como assessora e na grande imprensa?
A.R: Já aconteceu de ter que trabalhar, no mesmo período, na assessoria de imprensa da Assembléia e no jornal O Dia, fazendo a cobertura política. Nesse caso, ao escrever sobre o mesmo assunto, fazia dois textos diferentes, dando um tratamento institucional para o texto da assessoria, e outro para o jornal, que é uma coisa bem diferente.
Agecom: Como o assessor pode gerenciar crises?
A.R: No caso da assessoria de imprensa você prioriza os interresses do teu assessorado. Agora isso você faz observando uma técnica, para tornar seu texto interessante, para que o jornal aproveite, o portal e a televisão. Aí você consegue atingir o teu objeto, que é de dar publicidade a um assunto ou reverter uma crise. Tudo tem que ser feito com inteligência e seguindo uma determinada técnica.
Agecom: Como é trabalhar na assessoria de imprensa da Assembléia Legislativa?
UFPI realiza Semana da Comunicação 2008
Nos Grupos de Discussão foram discutidos os temas Estágio em Comunicação, Jornalismo Político, Liberdade de Expressão no Jornalismo, Linguagem Publicitária, Assessoria de Imprensa e Rádios Comunitárias dentre outros.
Por: Eslândia Rocha – 7º Período
Seu Abraão – Meio Século de exemplo
Um exemplo de luta, superação e trabalho. Seu Abrahão da Silva Goma, nascido em São João dos Patos no estado do Maranhão, ainda muito jovem mudou-se para a capital do Piauí, tentar ganhar a vida. Seu primeiro emprego em Teresina era como vendedor de garapa de cana no mercado do bairro Mafuá, zona Norte.
Casou-se, e, com sua esposa abriu em 1945 um pequeno comércio, no qual só vendia picolé de fabricação caseira. Após trabalhar por 12 anos vendendo somente picolé, eles decidiram expandir o negocio e vender sucos e salgados diversos.
Hoje, casado há 49 anos, já aos 77 anos, continua a frente do seu comércio vendendo, onde emprega quatro funcionários que lhe ajudam a fazer e os 16 tipos diferentes se sucos disponíveis na casa, “cada um melhor que outro”, afirma seu Abraão.
O “Suco do Abrahão” funciona de domingo a domingo, “não prove que é ‘orelhudo’ (jumento), preferindo um refrigerante de R$ 1 e renunciando um suco por apenas 75 centavos”, frase do seu Abrahão em uma placa em seu estabelecimento.
Ele disse que o segredo de manter seu comércio em plena atividade por 63 anos é a “mansidão do coração”. “Procuro sempre ajudar ao próximo, quando passa alguma pessoa com fome dou-lhe o lanche”.
Por: Eric Costa – 7º Período