Umbanda: o Espiritismo carregado de cultura afro-brasileira

Graças à mistura da cultura afro com costumes indígenas, candomblé, o sincretismo religioso com o catolicismo e explicações do espiritismo de Allan Kardec recém-importado da França, nasceu essa nova religião: a umbanda.

Trazida ao Brasil pelos escravos que vieram da África, a religião possui um sincretismo com os santos do catolicismo devido a grande força que a igreja católica tinha na época. Os escravos desejavam cultuar seus deuses (chamados de orixás), mas eram castigados e perseguidos pelos católicos. Foi então que resolveram fazer um sincretismo de seus deuses com os santos da igreja dominante. Assim, quando um escravo rezava na frente de uma imagem de um santo católico, na verdade, estava cultuando um de seus deuses representado por tal imagem. Oxalá, por exemplo, autoridade suprema da umbanda, é representado pela imagem de Jesus Cristo (geralmente sem a cruz).Assim a religião foi ganhando força.

Pai Zélio Fernandino de Moraes foi quem registrou em cartório a primeira tenda umbandista em 1908, a Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Piedade que ficava em sua casa, após ter incorporado o “Caboclo Sete Encruzilhadas” pela primeira vez no dia 15 de novembro deste ano, data considerada a de nascimento da religião.

Espalhada por vários países como Argentina, México, EUA, Canadá, Suíça, França, Portugal, Áustria, Itália etc., a umbanda não possui um livro sagrado e autoridades eclesiásticas, cada terreiro (onde acontece o culto aos orixás e as “giras”, sessões em que os médiuns incorporam espíritos e atendem o público) é independente para ditar suas próprias regras. Dependendo da “casa”, o ritual pode ser mais espírita, mais indígena ou mais do candomblé. Pode ter imagens de santos, orixás ou nenhuma. Pode ter álcool, fumo, percussão ou pode ser proibido.

A umbanda divide suas entidades (espíritos que se manifestam nas giras) em dois campos energéticos, o da direita e o da esquerda. Na direita estão os espíritos de luz, evoluídos que pregam e realizam o bem que são os caboclos, preto-velhos, etc.E na esquerda, estão os espíritos que operam no bem mas também no mal, muitas vezes dito como “mal necessário”, ou não, como os exus e as pomba-giras.O culto dos espíritos de esquerda antes era tratado de forma separada, participando apenas da quimbanda, que hoje, já faz parte abertamente da umbanda.

Ao contrário do que se pensa candomblé e umbanda não são a mesma coisa, no candomblé, são os próprios orixás que incorporam, enquanto que na umbanda eles são apenas cultuados e incorporam os “espíritos de luz”, já citados anteriormente.
Em 2004, em São Paulo, foi fundada a Faculdade de Teologia Umbandista, onde há aulas de filosofia, biologia espiritual, botânica, administração templária e até oficina de percussão. Apenas não se ensina a receber espíritos já que isso é visto pela umbanda como uma questão de destino kármico.

Texto: Sarah Teles – 5º Jornalismo – e-mail: sarahteles@gmail.com

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