Comunicação ou Uniformização Social?

Por: Marina Lima (fadinhamarina@hotmail.com) – 4º Período Publicidade

É interessante pensarmos na diversidade (principalmente cultural) do nosso planeta, ainda mais se pensarmos nessa diversidade no atual estado de globalização da nossa sociedade. Mais interessante ainda é vermos que, principalmente a mídia que gosta tanto de salientar as belezas e maravilhas das diferenças étnicas e culturais é a maior responsável pela uniformização da cultura.

Outra questão interessante dessa “nova ordem” é algo também bastante contraditório. Fala-se em uma atual Era da Informação. Mas que informação? Na verdade nunca fomos tão desinformados quanto ao que acontece ao nosso redor.

As notícias nos chegam a uma enorme velocidade, mas só as notícias que interessam ser informadas. Como Eduardo Galeano fala em seu texto A Caminho de uma Sociedade da Incomunicação?, “O número daqueles que têm o direito de escutar e de ver não cessa de crescer, ao passo que se reduz vertiginosamente o número daqueles que têm o privilégio de informar, de se exprimir, de criar”. Vemos a todo instante nos canais de Televisão, nas rádios e nos jornais, as mesmas notícias sendo incessantemente repetidas.

Os holofotes da mídia se voltam para aqueles que se dão melhor com as câmeras, geralmente os artistas, ricos e milionários. Qual a pessoa que sendo um anônimo na multidão pode expressar sua opinião livremente em um dos meios de comunicação? Um exemplo melhor: quantos estudantes de jornalismo recém formados saem da faculdade com excelentes idéias e projetos que não passam do papel porque não se encaixam no perfil da emissora, ou não alcançaria a audiência necessária para manter-se no ar, ou porque não há anunciantes interessados em patrociná-lo.
A concorrência atual, não se baseia em quem informa melhor, mas em quem explora mais a informação até o último detalhe. A palavra “exclusivo” nunca foi tão utilizada pelo jornalismo como na cobertura (da novela jornalística) do caso Isabella.
A mídia tornou-se um mercado onde a maior preocupação é vender para os consumidores que antes já foram espectadores. O Capitalismo necessita se expandir, e encontrou uma forma simples e eficiente nos meios de comunicação. Tudo isso reflete diretamente na nossa economia, outro fator de desigualdade que nos salta aos olhos. Sabe-se que a cada ano o abismo existente entre ricos e pobres em todo o mundo cresce a números alarmantes.

Abismo cada vez mais cultivado pelos meios de comunicação, que criam uma espécie de simulacro da realidade através de sua publicidade com famílias felizes e sorridentes vivendo harmoniosamente em belas casas com ar puro e limpo, e com o jornalismo das estrelas, que apresenta famosos e suas vidas interessantes o que eles gostam de ler, de comer e suas expectativas para o futuro, é a essa atmosfera lúdica a que a filósofa Marilena Chauí chama de “destruição da esfera pública”, quando os meios de comunicação esquecem que sua função principal e primordial é comunicar, ou seja, informar e passam a disseminar opiniões e sensações, gostos e preferências.
Assim, quem não está inserido neste mundo criado pela mídia juntamente com o capital, não entende o que se passa e fica a parte da sociedade, já que “você é aquilo que tem”. Nunca nos perguntamos por que não sabemos o que se passa nos países africanos, por exemplo. Talvez porque a mídia já tenha nos mostrado que esse tipo de informação não influenciará em nada nossa vida, ela incomoda, é desagradável e, portanto não nos interessa. Passamos a nos esquecer dos princípios morais que aprendemos desde pequenos.

Não se mais limites nos acontecimentos. Porque um o assassinato de uma menina pelo pai e pela madrasta ricos em São Paulo causa comoção nacional e um estupro seguido de assassinato de uma menina pelo padrasto em Teresina fica restrito à cidade onde ocorreu? Porque não condenamos um jogador de futebol famoso que dirige embriagado e condenamos um anônimo que faz a mesma coisa? Nossa noção das coisas está deturpada.
Disso tudo podemos tirar a grande influência e responsabilidade da mídia perante a sociedade. De tanto ouvirmos falar em mundo subdesenvolvido, aprendemos a acreditar que somos realmente inferiores aos americanos e europeus. Temos também de aprender o que devemos absorver e o que devemos descartar de tudo o que nos é empurrado, já que na maioria das vezes ou sempre, não podemos expressar nossas opiniões na mesma proporção em que a “opinião modelo” chega até nós. Como afirma Eduardo Galeano, não devemos nos convencer com os meios de comunicação, ainda há esperança.

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